Para os queridos leitores
De quem sou fã e freguês
Eu volto a falar do cabra
Que não é nada cortês
Da cara de Sapo-Sunga
Que são as últimas do seu Lunga
Que trago para vocês.
Certa vez sua esposa
Quando sentou na privada
Disse: Lunga este banheiro
Tá bom duma reformada
Faça cumprir meu desejo
Coloque nele azulejo
Duma cor bem azulada.
Seu Lunga foi pro depósito
Fazendo o maior bodejo
E chegou lá foi dizendo
Eu vim comprar azulejo
Pra terminar uma obra
A mando daquela cobra
Que só me causa latejo.
Lhe disse o dono: vou já
Deixar sua mercadoria
Já sei onde você mora
Na rua Santa Luzia
Respondeu Lunga zangado:
Se for o produto errado
Eu vou fazer putaria.
O cabra fez a entrega
Com um colega de escolta
Seu Lunga olhou e disse:
O diabo hoje se solta
Eu te comprei azulejo
E tu me traz brancolejo
Leva essa porra de volta.
Um certo dia ele entrando
Lá no portão do mercado
Por um cão velho sarnento
Quase que foi atacado
Quando gritou Zé da Unga:
Não tenha medo Seu Lunga
Que o meu cachorro é capado.
Seu Lunga disse: seu besta
Que coisa mais descabida
O teu cachorro é capado
pra não cruzar mais na vida
Mas vive atacando o povo
Eu não me assusto com ovo
O medo é só da mordida.
Um certo dia Seu Lunga
Chegou no bar do Zaqueu
Danado se maldizendo
Duma topada que deu
Lhe perguntou um zanoi:
Me conte lá como foi
Que isto lhe aconteceu?
Seu Lunga olhou pro cabra
Voltando de marcha ré
Dizendo: foi desse jeito
Seu venta de caburé
Chegou no fim da calçada
E repetiu a topada
Que a unha arrancou do pé.
Sua mulher certa noite
Quando foi telefonar
Disse: Lunga, a bateria
Fez o favor de pifar
Ponha naquela tomada
Que fica lá na entrada
E deixe pra carregar
Perguntou ela mais tarde:
Como é que é, carregou?
Seu Lunga correu a vista
E nada mais encontrou
Dizendo: vai te lascar
Se era pra carregar
Eu acho que alguém levou.
Seu Lunga tava dançando
Com Expedita Caroço
Que começou lhe afobar
Fungando no seu pescoço
Dizendo: Caro Lunguinha
Vê se meu gato adivinha
O que eu comi no almoço?
Só do malcheiro, Seu Lunga
Quase desaba de costa
E se babando de raiva
Já foi lhe dando a resposta
Dizendo: cabeça oca
Pela catinga da boca
Só pode ter sido bosta.
Certa vez ele passando
Pela travessa Xaréu
O vento soprou tão forte
Que carregou seu chapéu
Seu Lungaficou irado
Quando chegou um viado
Danado dançando o créu.
Seu Lunga meteu-lhe o tapa
Naquele traste biruta
E pra pegar seu chapéu
Saiu na carreira bruta
Temendo que alguém visse
Olhou pro boiola e disse:
Sai so mêi fila da puta
Seu Lunga certa noite
Jantou um prato de mel
E foi sentindo um melaço
Na boca do carretel
Se levantou bem ligeiro
Quando chegou no banheiro
Tava faltando papel.
Correu pra comprar um rolo
No mercantil do catunda
O cabra trouxe um jornal
Numa carreira profunda
Seu Lunga disse pra ele
Só quero se for daquele
Que a gente passa na bunda.
Um certo dia um pinguço
Sentou na sua calçada
Botando o maior boneco
Dizendo: meu camarada
Quem mexe comigo, morre
Pra completar o meu porre
Eu quero uma panelada.
Seu Lunga disse: é pra já
Me aguarde aí biriteiro
Pegou uma panela grande
Que tava lá no terreiro
E sem lhe dizer mais nada
Foi dando uma panelada
Na testa do cachaceiro.
AUTOR: JOTABÊ